quinta-feira, 25 de agosto de 2011

BATALHA MENTAL

Neste momento, uma batalha de dimensões épicas se desenrola em minha mente. Há corpos espalhados por todos os lados, há sangue e dor, há angústia. Uma densa fumaça negra encobre boa parte do espaço, o dia parece noite, e eu sigo tateando, com dificuldade, à procura de um porto seguro. Porém, não há sequer um sinal de que o cenário irá se modificar.

Sinto o cheiro de podre que emana e o odor de carne queimada. Não há lágrimas em meus olhos, mas a vontade de chorar é imensa. A sensação é de que vou sufocar. Fecho meus olhos. Desejo, desesperadamente, que tudo isso não passe de um sonho. Mas não, nada disso é sonho. Agora, começo a me curvar e a cair sobre meus joelhos. Não tenho mais força, não tenho mais vontade, não tenho mais nada.

Resolvo então olhar para o alto, em direção aos céus. Não busco um deus, nem a Deus, apenas desejo jogar minha cabeça para trás. Por entre a cortina de fumaça, bem ao longe, percebo o reluzir brilhante de algo, que não sei o que é. Mas, penso comigo mesmo, na situação em que me encontro, já é alguma coisa.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Enquanto há vida, há esperança. No desenrolar de uma batalha sangrenta, com as roupas surradas, o escudo amassado e a espada partida, o guerreiro sente medo, ele pensa no pior, e por alguns instantes lhe passa pela cabeça que o melhor a fazer é desistir da luta. Neste momento ele olha ao redor e percebe os corpos tombados de vários aliados. Amigos, colegas, conhecidos, irmãos. E como se todos estes juntos lhe dessem um tapa no rosto, ele desperta do seu sonho, do mundo onírico para onde havia se transportado, e retorna para a luta.

Acha uma nova espada no chão, limpa o sangue misturado ao suor que escorre de sua testa, e procura o inimigo, sem medo de encará-lo nos olhos. Aquela luz que ele percebeu, ainda fraca, ao longe, hoje parece mais nítida e forte. É uma luz cintilante, branca, e emana uma doçura cativante. O guerreiro ao vê-la, tira o peso de cima dos joelhos e volta a se erguer. Essa luz, é a vida voltando a pulsar, é uma nova vontade de crescer, de ser melhor, de tentar outra vez. Agora, tudo o que vemos é a silhueta, ao longe, do guerreiro que empunha sua espada e parte, de peito aberto, para uma nova batalha.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Após o duro combate, o guerreiro agora pode abandonar sua espada. Não precisará dela durante algum tempo. Agora é hora de se restabelecer. O campo de batalha, que agora ele visualiza, não é mais assustador. O inimigo não está mais lá. As sombras do terror se evanescem. No cume do monte onde se encontra, após relembrar toda a batalha e sabendo que aquela luz que via, antes fraca, ao longe, agora brilha intensamente. O guerreiro sorri.

Agora ele pode caminhar de mãos dadas com a alegria, com a beleza, com a doçura. Neste instante, o guerreiro só pensa em reconstruir sua vida, e em poder voltar a amar outra vez.

Um comentário:

EMA disse...

pobre Érick, continua querendo entender o sentido da vida ao invés de vivê-la...saudações.
E.M.