quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Que Dia Glorioso

28/11/2007. Este dia ficará marcado na minha história!!! Um dia que começou tarde para mim, só acordei uma da tarde, já tendo que correr contra o relógio. Depois de me arrumar, gravei finalmente a apresentação do artigo no pendrive e fui para uff. Só consegui almoçar alguns minutos antes da apresentação, mas, no final, tudo deu certo. A sala estava cheia, umas cinquenta pessoas, entre alunos, professores, convidados além dos meus pais. No começo, como sempre, estava nervoso, mas no transcorrer do trabalho, fui ficando mais calmo. No fim, muitos aplausos e elogios, de colegas, de mestres e de desconhecidos. Uma alegria imensa pelo reconhecimento de um trabalho que vem sendo feito há pouco mais de um ano com meus alunos e companheiros de trabalho do ProJovem. Tudo encerrado, foi justamente para a reunião do ProJovem que segui, e lá fiquei sabendo que meu contrato seria renovado por, pelo menos, mais seis meses. Mais uma vez este trabalho estava sendo reconhecido, agora pelos meus chefes, mais uma vez uma onda de euforia tomou conta de mim. Este foi o dia em que percebi que realmente o meu futuro, e o meu presente, está na educação. O sonho é chegar às salas de aula das universidades, mas o programa em que trabalho hoje vem me ensinando muito, não só do ambiente acadêmico, mas também sobre a vida. Meus alunos vivem uma realidade que muitos dos que podem ler este texto não fazem idéia de que exista, e aqueles que sabem, nunca viveram-na na pele. Ter que trabalhar, após quatro horas seguidas de aula, das 18 às 22, em um lixão, durante toda a madrugada, pois este horário há menos gente para disputar os materiais que são vendidos a melhores preços. Ser preso ou oprimido pelo tráfico ou a policia. Ter que vender seu corpo para dar o que comer aos filhos. Apanhar dos pais bêbados ou dos maridos enciumados. Escutar a todo instante piadas ou ofenças. Não ter água encanada ou esgoto tratado em casa. Uma realidade, ou melhor, muitas realidades de sofrimento e dor, mas, por incrível que possa parecer, sem perder a esperança da possibilidade de melhora na condição de vida. Sem deixar morrer no rosto o sorriso. O meu medo hoje se tornou respeito e admiração. Pobreza e sofrimento não são coisas veneráveis, venerável é a força destes homens e mulheres que não se deixam abater e lutam, a cada dia, pela possibilidade de receberem uma recompensa desta vida que, até agora, lhes deu muito mais dor e insegurança. Eu sigo com meus sonhos, como eles seguem com os deles, mesmo que sejam sonhos distintos, sei que com trabalho, vontade e um sorriso no rosto, conseguiremos chegar lá.

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